quarta-feira, 2 de julho de 2008

Conversa de café


Sentada numa cadeira de café divago além dos olhares longínquos de quem alcança o horizonte por entre os cigarros apagados num cinzeiro escuro e sujo... Olho em volta e nada alcanço. Fumo, barulho, agitação, gestos banais, futilidades exibidas e conversas perdidas no ar escapam-me dos sentidos... refugio-me no canto das memórias e voo para lá das recordações.Sentada numa cadeira de café deixo cair uma lágrima que se mistura com as gotas de whisky derramadas sobre a mesa, misturo palavras nas beatas apagadas como se não fossem palavras minhas, perco no ar, no meio da azafama da multidão, tudo aquilo que um dia fui e anseio por uma noite diferente.Sentada numa cadeira de café perco-me nas lembranças que guardo, como se as procurasse dias a fio nas borras deixadas no fundo de uma chavena que ninguém quis beber e encontro reflectida na água cristalina, que paira algures na fonte do outro lado da rua, quem um dia fui. Encontro-me e vejo que não fui um dia, sou hoje e serei enquanto conseguir encontrar tudo aquilo que se encontra escondido no mais recondido lugar ou nos sentimentos mais dispersos que alguma vez existiram, mesmo que nos lugares mais comuns, mesmo que no meio de uma conversa de café.

Sem comentários: