quarta-feira, 18 de junho de 2008

Escrevo... revoltada


Escrevo em papel palavras lógicas, coerentes e teóricas, obrigam-me a dizer coisas acertadas, eficazes e científicas... cansada da perfeição do seguimento de uma história sem emoções procuro em mim uma escrita diferente. Troco a lógica e a coerência e procuro a prática na teoria, deixo de lado as palavras certas, eficazes e cientificas e rendo-me ao incerto, ao espontâneo e humano...
De que que vale tanta linearidade na escrita, tanta perfeição nas virgulas e tanto cuidado com os acentos de frases copiadas? Porquê que insistem numa perfeição inexistente em coisas tão simples como articular ideias e visões de autores que se dizem famosos? Porquê?
Quando é que se vão deixar de estereotipar a perfeição, de acreditar que ela existe e de criticar quem não a defende... Aposto na imperfeição das coisas ditas perfeitas, nos traços tortos e torcidos, nas palavras incoerentes e sentidas, nas emoções impossíveis de descrever mas eficazes ao viver... aposto na prática e critico a teoria pelo que idealiza e nada faz para acontecer, pelo que descreve e nunca viu, pelo que diz acontecer um dia como se já por lá tivesse passado...
Deixem-se de teorizar sobre perfeição, sobre rectas traçadas no vazio e sobre a luz que brilha na escuridão... deixem-se de certezas absolutas e procurem dúvidas...
Deixem-me ter "dúvidas", ser "louca", "imperfeita" e "revoltada", deixem-me sonhar porque aí sim há perfeição na imperfeição do inconsciente, na ilusão do imaginário e no vazio de uma memória ausente...
Deixem-me escrever linhas como estas, deixem-me viver e ser feliz!!!